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  • Luan Victor

Com_versando – V Encontro Virtual do LER

No dia 11 de fevereiro de 2021, às 18h, o projeto Literatura, Engenharia e Reflexões (LER) realizou a quinta edição do Com_versando, um projeto de conversa sobre educação, engenharia, literatura, cultura e arte, realizado quinzenalmente desde dezembro de 2020, de forma virtual. Mediado pelo professor Luís Gonzaga (idealizador do projeto e docente da UFC), a edição contou com três convidados: a professora Virgínia Girão-Carmona, doutora em Farmacologia pela UFC, professora do Departamento de Morfologia da Faculdade de Medicina da UFC e idealizadora do projeto “Arte sob o microscópio”; Graciele Siqueira, museóloga pela UNIRIO e atual diretora do Museu de Arte da UFC (MAUC); e Antonio Paulo de Hollanda Cavalcante, doutor em Arquitetura e Urbanismo pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília e atual professor do Departamento de Integração Acadêmica e Tecnológica em Engenharia e Arquitetura (DIATEC) da UFC.



Neste belíssimo encontro, que durou pouco mais de duas horas, os minutos iniciais foram dedicados à apresentação do projeto LER e do seu importante papel de divulgação dos equipamentos culturais e espaços artísticos da Universidade. Em seguida, o professor Luís Gonzaga abordou um pouco da biografia da professora Virgínia e da museóloga Graciele (o professor Antonio Paulo chegou à roda de conversa posteriormente). Depois, o docente conversou um pouco com a professora Virgínia sobre o projeto “Arte sob o microscópio” e um texto do físico Richard Feynman sobre a beleza de uma flor, enfocando a relação entre a beleza científica e a beleza exterior.


Ode a uma flor (trecho)

Richard Feynman

“Eu posso apreciar a beleza de uma flor. Ao mesmo tempo, eu vejo muito mais sobre a flor do que ele vê. Eu posso imaginar as células lá dentro, as complicadas ações que acontecem dentro delas, que também tem uma beleza. Eu quero dizer, ela não é bela apenas nesta dimensão, a um centímetro, existe beleza também em dimensões menores, a estrutura interna, e também os processos.”


A professora Virgínia iniciou sua fala agradecendo por ter recebido o convite para participar do Com_versando e parabenizou o professor pela iniciativa do projeto LER. Ela compartilhou com os espectadores uma apresentação de slides sobre o projeto de extensão “Arte sob o microscópio”, idealizado por ela e iniciativa do Programa de Pós-Graduação em Ciências Morfofuncionais, da Liga Acadêmica de Embriologia e Microscopia Aplicada da FAMED e da Seara da Ciência. Nesse projeto, são exibidas fotografias captadas mediante lentes de microscópios ópticos, eletrônicos e ópticos confocais por estudantes de graduação e pós-graduação, pesquisadores e profissionais.



Dando seguimento à apresentação de slides, a professora expôs algumas fotografias do projeto e fez alguns comentários sobre cada uma delas e, em seguida, apresentou uma breve linha do tempo sobre o histórico do projeto (sua criação, desenvolvimento e evolução), que desde 2017 foi exposto no Departamento de Morfologia, nos Encontros Universitários, no MAUC e, em 2020, por conta da pandemia, foi exposto virtualmente. Virgínia também abordou a importância das redes sociais do MAUC na exposição virtual do “Arte sob o microscópio”.



Virgínia explicou que o colorido das fotos captadas consegue, ao mesmo tempo, ter tanto um significado artístico quanto uma forte expressão científica. Ela explicou a importância dos colaboradores e parceiros do projeto, que contribuíram para a divulgação, realização e promoção da iniciativa nos espaços da Universidade e também fora dela. No MAUC, por exemplo, a exposição do “Arte sob o microscópio” recebeu a visita de alunos de uma escola pública municipal. Ou seja, ciência e arte foram divulgadas de forma conjunta e lúdica para os pequenos.



A professora Virgínia também contou que o projeto vem ganhando destaque acadêmico em importantes Universidades internacionais, servindo de temas de pesquisas e estudos sobre a relação entre a arte e habilidades socioemocionais de jovens médicos. Por fim, ela convidou os espectadores a participarem da próxima edição do projeto, que promete trazer novas belíssimas fotografias e também atingir novos públicos. Em março de 2021, durante os Encontros Universitários, o “Arte sob o microscópio” será reapresentado em seu formato virtual.


Em seguida, o professor Luís Gonzaga saudou o professor Antonio Paulo, que chegara à roda de conversa, e apresentou um pouco da formação acadêmica dele, que está no DIATEC desde a sua criação, em 2015, após muitos anos como docente no Departamento de Engenharia de Transportes da UFC. O professor Luís Gonzaga comentou com Antonio Paulo sobre uma manifestação ocorrida na semana anterior em São Paulo, na qual a prefeitura colocou blocos de paralelepípedo da parte inferior de viadutos, hostilizando os moradores de rua. Na sequência, o professor parabenizou a professora Virgínia pelo seu projeto. Luís ainda comentou sobre suas várias encantadoras experiências com o MAUC e com outros museus, e passou a palavra para a museóloga e atual diretora do MAUC, Graciele Siqueira.


Graciele deu início à sua fala comentando sobre sua relação com a leitura, que vem desde a infância, incentivada por seus pais, agricultores do interior do estado de Minas Gerais. Ela explicou que, para seus pais, o estudo era um patrimônio imaterial que ninguém tomaria e, por isso, se esforçaram bastante para que todos os filhos pudessem estudar e ingressar em uma Universidade pública para que seguissem suas carreiras como desejassem. Caçula, Graciele se alfabetizou antes de entrar na escola e sempre foi muito curiosa com os livros. Sua primeira referência foi uma edição em capa dura de “O Pequeno Príncipe”, do francês Antoine de Saint-Exupéry.


“Meus pais me falavam que a única coisa que ninguém tomaria da gente é o ensino, o estudo. A gente poderia ter tudo, ter bens, casas, dinheiro, mas eles queriam deixar um legado pra vida da gente que era a questão do ensino, da educação.”

(Graciele Siqueira)


Na adolescência, Graciele contou de sua paixão pelos livros de suspense da escritora britânica Agatha Christie e, posteriormente, todos os ensaios possíveis do escritor português José Saramago. Quando entrou na faculdade, ela se dedicou muito mais à área de museologia, de história e de arte. Quando se tornou museóloga do MAUC, em 2008, uma amiga da faculdade lhe deu de presente “Uma parisiense no Brasil”, de Adèle Toussaint-Samson, uma analogia com a vida de Graciele que, mineira, foi estudar no Rio de Janeiro, e passou no concurso para vir trabalhar no Ceará.


A museóloga contou que o amor por Fortaleza foi paixão à primeira vista. Seu trabalho no MAUC, desde sempre, foi muito focado no estudo da história da Universidade, da cultura e da arte cearense. Ela fez muitas pesquisas sobre os principais nomes da pintura, da literatura, das artes cênicas, e de outras expressões artísticas no Estado, com o objetivo de se aproximar da diversidade artístico-cultural presente no Ceará. Poucos anos depois, ela conheceu o livro “O museu da inocência”, do turco Orhan Pamuk (Companhia das Letras), que serviu de retorno à sua dedicação à literatura. Entretanto, ela precisou voltar às leituras técnicas. Em 2020, passou a assinar um clube de literatura e fez algumas novas leituras, como “O dia em que Selma sonhou com um Ocapi”, de Mariana Leky (Editora Tag Planeta) e “Herdeiras do Mar”, de Mary Lynn Bracht (Editora Tag Livros). Ela revelou que se envolve bastante com suas leituras, refletindo e pesquisando. Contou ainda sobre sua paixão pelos podcasts.



Ela seguiu sua fala abordando um pouco do seu trabalho à frente do MAUC. A museóloga explicou que, em 2018, o então reitor da UFC, Henry de Holanda Campos, lhe deu a missão de aproximar mais à comunidade universitária, que estava alheia aos equipamentos culturais da Universidade. Graciele contou que foram criadas várias estratégias para ampliar o acesso dos acadêmicos – docentes, discentes e demais funcionários – aos espaços artísticos da UFC, que são muito importantes para guardar a memória da Universidade e abrigar debates, peças, exposições e cursos. Sua excelente fala apresentou um ótimo panorama dos esforços do MAUC em atrair novos públicos e atingir uma boa parcela dos universitários que ainda desconhecem os diversos ambientes artístico-culturais da UFC.


Segundo ela, o Ceará tem cerca de 180 museus, e Fortaleza conta com 30 instituições museológicas. Certamente, a maior parte da população da cidade desconhece esses ambientes. Com relação à UFC, todos os campi da capital (Benfica, Pici e Porangabussu) possuem diversos equipamentos artísticos e culturais, como várias coleções, arquivos e projetos de extensão, que merecem ser visitados e divulgados pela comunidade acadêmica.


Dando prosseguimento, o professor Luís Gonzaga congratulou Graciele pela sua fala e agradeceu pelo seu excelente trabalho na direção do MAUC. O professor comentou sobre alguns espaços que ainda não conhecia e citou outros que também são muito importantes para a UFC, como a Imprensa Universitária, a Rádio Universitária e a Edições UFC, que preservam o acervo e divulgam as ações da Universidade, algo também enfatizado pela professora Virgínia, que expôs sua relação com esses ambientes. O professor Antonio Paulo também congratulou os trabalhos de Virginia e Graciele. O professor Luís passou a palavra para o professor Antonio Paulo, que deu início à sua fala.


Antonio Paulo começou sua fala comentando sobre sua formação, já que desde a infância tinha o costume de observar os espaços da cidade entender sua dinâmica. Ele explicou que muitas pessoas entendem a arquitetura como sendo apenas relativa à parte estética, técnica, mas que ela vem sendo interpretada também como ciência. Ele comentou sobre sua forte ligação com seus pais e como eles o influenciaram. O professor citou o livro “Frank Lloyd Wright”, de Naomi Stungo (Editora Cosac Naify), sobre o mais prolífico e influente arquiteto norte-americano. Comentou ainda sua admiração por Oscar Niemeyer e indicou o livro “Niemeyer”, de Philip Jodidio (Editora Taschen). Outras principais obras por ele recomendadas foram: “Cidade, Saudade – Fortaleza Anos 70”, de Nelson F. Bezerra, que traz belíssimas imagens da capital cearense; “Sapiens – Uma Breve História da Humanidade”, de Yuval Harari (Editora L&PM) e também “10 mandamentos da arquitetura”, de Frederico Rosa Borges de Holanda (Editora FRBH).



O professor compartilhou com os espectadores uma apresentação de slides sobre seu estudo de “Morfologia da Cidade”, uma pesquisa sobre cidades inteligentes, ciência de redes e a sintaxe espacial. Ele explicou como realiza suas análises acerca das interações entre as cidades, os tipos de redes morfológicas e o espaço na qual estão inseridas – com relativo destaque para a cidade de Fortaleza e seus bairros –, abordando seus objetivos, metodologia e conclusões. Foi uma excelente apresentação, que mostrou outras perspectivas sobre a cidade, que é um organismo vivo.


A professora Virgínia também fez algumas recomendações de leitura, entre as quais: “Leonardo da Vinci”, de Walter Isaacson (Editora Intrínseca); “Rápido e Devagar: duas formas de pensar”, de Daniel Kahneman (Editora Arqueiro) e “O Pequeno Príncipe”, também já citado.



O mediador do encontro mais uma vez agradeceu pela participação dos convidados, fez algumas considerações finais sobre os temas abordados ao longo da conversa, abriu espaço para as perguntas e comentários dos espectadores que acompanharam o encontro e passou a palavra para as considerações finais de cada participante dessa edição. O encontro foi muito bem realizado, com uma ótima troca de experiências e conhecimentos entre os presentes. Fiquem atentos às redes sociais do LER (os links estão disponíveis logo abaixo) para saber as novidades do próximo e último encontro (que ocorrerá em breve) e não deixem de se inscrever no canal do projeto do YouTube.


Livros mencionados disponíveis na Amazon e outras livrarias (clique sobre o título para ir à página)

O Pequeno Príncipe” – Antoine de Saint-Exupéry;

Uma parisiense no Brasil” – Adèle Toussaint-Samson;

O museu da inocência” – Orhan Pamuk;

Leonardo da Vinci” – Walter Isaacson;

Rápido e Devagar: duas formas de pensar” – Daniel Kahneman;

Herdeiras do Mar” – Mary Lynn Bracht;

Frank Lloyd Wright” – Naomi Stungo;

Niemeyer” – Philip Jodidio.

 
 

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