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Esse espaço especial no site do LER é dedicado aos quadrinhos, tirinhas e charges. 
Para quem deseja saber mais sobre quadrinhos e tirinhas, temos aqui no Blog uma postagem falando um pouco sobre esses tipos de narrativas. Para acessar 

Zé Wellington

Não é de hoje que o mundo dos quadrinhos vem ganhando cada vez mais destaque no cenário nacional e mundial, esse viés da literatura já vem a bastante tempo cativando um publico diverso e trazendo novos membros que agregam uma evolução para esse âmbito, esse é o caso do nordestino Zé Wellington.

José Wellington Alves Grangeiro Filho, ou simplesmente Zé Wellington, nasceu no dia 09 de março de 1984 em Sobral no Ceará, pode-se dizer que desde cedo teve um fascínio por esse universo que hoje conhecemos como Geek. Atuou por oito anos como técnico do Sebrae/CE, formou-se em administração pela Universidade Estadual Vale do Acaraú, é consultor nas áreas de marketing e redes sociais (ZWMKT) e professor das disciplinas de Marketing e Jogos de Empresas da Faculdade Luciano Feijão, além de ser músico e principalmente roteirista de histórias em quadrinhos.

Em 2006 foi um dos fundadores do grupo Gattai que publicou o fanzine, revista para fãs especialmente sobre ficção cientifica, música e cinema, além do e-zine, fanzine eletrônico, Gattai Zine. Com a sua banda “Sobre o Fim” lançou três trabalhos e participou de diversos festivais locais, como a seletiva nordestina da VANS TOUR 2009 em Natal/RN e conquistou o primeiro lugar no Concurso Bem Vindo ao Clube Empire Records em Fortaleza/CE.

De fato Zé Wellington é bem versátil, mas foi em meio aos quadrinhos que ele ganhou destaque nacional, o roteirista já acumula trabalhos de grande prestigio, como pelo seu trabalho no projeto Interlúdio, indicado ao Troféu HQ MIX 2010 na categoria melhor edição única independente, sendo uma mistura interessante entre musica e quadrinhos, na qual as canções possuem uma HQ interligada.

Quem matou João Ninguém? é outra obra prestigiada do roteirista, sendo indicado ao Troféu HQ MIX 2015 como Novo Talento Roteirista. A obra criada em conjunto com Wagner Nogueira é um graphic novel sobre amizade e traição, trazendo os elementos de uma HQ de super-heróis, além de representar com elementos ficcionais a vida real nas favelas com todas as suas problemáticas agregadas, como violência, trafico de drogas e a falta de oportunidades, fazendo com que amigos sigam caminhos distintos.

Steampunk Ladies: Vingança a Vapor proporcionou a Zé o Troféu HQ MIX 2016 como Novo Talento Roteirista. A história se passa em uma realidade onde a tecnologia se deu de tal forma que o mundo é dominado por foras da lei com próteses mecânicas e nesse contexto surgem duas damas que buscam vingança e desafiam os criminosos. Vale destacar a representatividade e importância de uma obra como essa, onde mulheres saem das amarras impostas a elas na época, acabando com o estereotipo empregue pela sociedade para se tornarem protagonistas de sua própria historia no velho oeste. A aventura retrofuturista ganhou sua continuação com Steampunk Ladies: Choque do Futuro, apresentando novos desafios para as protagonistas, em um cenário no qual a Inglaterra é o grande centro do mundo e uma pequena oposição luta contra o autoritarismo e agrega a luta das mulheres para vencer as barreiras que as separam de seus direitos.

Cangaço Overdrive levou o roteirista cearense a ser semifinalista do renomado Prêmio Jabuti em 2019 na categoria Historias em Quadrinhos. Produzida com Luís Carlos B. Freitas e Walter Geovani esta HQ assim como outros trabalhados de Zé, trás uma realidade fantástica e futurista, misturada com elementos regionais, provocando uma imensa originalidade. A obra é um cyberpunk nordestino que possui uma narração em forma de cordel, na qual o Ceará enfrenta a sua maior seca em séculos, além de ser uma terra esquecida pelo governo. Neste contexto, a peleja do povo nordestino é novamente trazida a tona, onde figura no movimento um lendário cangaceiro e um impiedoso coronel, ademais, outras batalhas se cruzam e fazem desta HQ uma excelente obra, combinando elementos próprios do nosso Ceará com uma temática inovadora que agrada todos os públicos.

Zé Wellington vem cada vez mais ganhando espaço no cenário nacional e representando bem a criatividade do Cearense com seus roteiros encantadores compostos de aventuras que misturam criticas sociais da nossa realidade com futurismo e história. O roteirista segue participando de coletâneas e revistas especializadas em literatura fantástica e HQ’s, sendo também colaborador e podcaster dos sites HQ Sem Roteiro e Iradex. Em suma, os quadrinhos são uma ótima porta de entrada para os jovens na literatura e quem sabe também para os leitores mais velhos que buscam algo diferente e atual, neste caso, vale a pena desfrutar do excelente trabalho do Zé.

Por Lucas Benício

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Quino & Mafalda

É certo que em algum momento da vida você deve ter tido contato com a Mafalda, seja no ensino médio e fundamental em suas provas de português ou até mesmo hoje em dia, por que um personagem tão icônico perdura pela eternidade. Desta forma, não só a Mafalda segue vivíssima nos quadrinhos com as suas criticas sociais, como seu criador Quino continuará no imaginário mundial pela sua influência e criação.

Joaquim Salvador Lavado apelidado carinhosamente como Quino foi um cartunista e pensador, nasceu em Mendoza na Argentina, mais precisamente no dia 17 de julho de 1932 sendo filho de imigrantes espanhóis, e infelizmente faleceu no dia 30 de setembro de 2020 aos 88 anos. Tendo aptidão pelo desenho iniciou seus estudos na Escola de Belas Artes de Mendoza. Posteriormente ingressou na Faculdade de Belas Artes, no entanto, resolveu abdicar do curso para se dedicar exclusivamente ao desenho de quadrinhos e de humor gráfico.

Quino logo vendeu seu primeiro desenho, o qual foi um anúncio de uma loja de seda. No ano de 1950 estabeleceu-se na cidade de Buenos Aires, publicou então sua primeira página na revista de humor semanal “Isto é”, posteriormente se seguiram outras edições. Depois de algumas tentativas frustradas vendeu seu primeiro desenho para um jornal argentino em 1954. Neste período também tirou fotos para publicidade, então em 1963 lançou seu primeiro livro humorístico, intitulado “Mundo Quino”.

Em 1964, Quino criou um personagem para uma campanha publicitária de uma empresa de eletrodomésticos chamada “Mansfield” que deveria ser publicada no diário Clarín, como o nome do personagem deveria lembrar o nome da empresa, Quino lembrou-se de uma cena do filme “Dar la cara”, de José Martínez Suarez, onde há um bebê chamado Mafalda. O projeto não teve continuidade, no entanto, Mafalda uma menina contestadora, ganhou vida e seus quadrinhos foram publicados inicialmente na revista Primeira Plana, sob sugestão de Julián Delgado, possuindo traços inspirados de Charles M. Schulz criador do “Snoopy”.

O senso politico sempre foi marca dos personagens de Quino, desde o inicio as tiras da Mafalda já traziam reflexões sobre as inquietudes da época na Argentina e ao redor do mundo, questões econômicas, politicas e cotidianas, a exemplo da repressão no país que passava por um golpe de estado e a chegada da televisão na casa das famílias argentinas. Mafalda é a personagem principal, sendo uma menina de seis anos de idade que ama os Beatles e não gosta muito de sopa, seu desenho preferido é o pica-pau. Apesar da pouca idade, Mafalda tem uma visão aguçada de mundo, sempre questionando tudo ao seu redor, especialmente as temáticas vividas na década de 60. Além dela, estão presentes na tirinha, Pelicarpo (seu pai), Raquel (sua mãe) e tantos outros como Felipe, Manelito e Susanita.

Entre 1965 e 1967 a tirinha foi publicada no jornal “El Mundo”, Mafalda logo deixou as fronteiras da argentina e chegou a países como Espanha, Portugal e Itália. No ano de 1973 chegou ao Brasil, em meio à ditadura militar, através da Revista Patota, propriedade da Editora Arte Nova. Ainda em 1973, Quino decidiu parar de produzir as tirinhas de Mafalda, afirmando que ela havia se tornado um “carimbo” e tornar-se repetitivo não lhe agradava, no entanto, posteriormente deu a entender que a pausa devia-se ao medo de represálias políticas, o que não é ao certo confirmado.

O trabalho do cartunista seguiu conquistando o mundo, um ano depois de se mudar para Milão na Itália em 1976, as tirinhas de Mafalda ilustraram a Edição Internacional da Campanha Mundial de Declaração dos Direitos da Criança, a pedido da UNICEF. Em 1982, o cartunista foi eleito o “Desenhista do Ano”, além de que foram publicados no Brasil os três primeiros livros de Mafalda. Quino recebeu diversos prêmios internacionais, a exemplo do “Prêmio das Astúrias de Comunicação e Humanidades” em 2014, sendo que em 2009 já havia se aposentado dos desenhos. Por fim, regressou à Mendoza em 2017 após ficar viúvo, sofrendo de um glaucoma sua vida foi se esvaindo até seu falecimento aos 88 anos.

Em suma, Quino deixou um tremendo legado, através de sua criação mais famosa ele disseminava e trazia a debate varias questões que eram abordadas sem vulgaridade, fazendo com que crianças e adultos questionassem o mundo ao seu redor e o enxergassem de novas maneiras, não é exagero algum dizer que contribuiu de forma efetiva na educação de diversas crianças mundo a fora. Eu tenho uma vaga lembrança de um dos meus contatos com Mafalda no ensino fundamental, lembro-me de uma tirinha onde ela apresentava sua tartaruga de estimação que se chamava ironicamente “Burocracia”, você já deve ter imaginado o porquê, isso para mim foi algo totalmente novo e me trouxe inúmeros questionamentos, com certeza não fui a única criança contemplada com conhecimento através do gênio Quino.

por Lucas Benício

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the Peanuts 

Mafalda 

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