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Eduardo Coelho

Com_Versando – III Encontro Virtual do LER


No dia 14 de janeiro, as 18 horas, o projeto Leitura, Engenharia e Reflexão (LER) realizou o 3º evento do Com_Versando. Em uma roda de conversa sobre educação, cultura, arte e literatura, o professor Luís Gonzaga (professor do DIATEC e idealizador do projeto), recebeu nesta edição, a primeira do ano de 2021, a professora do DIATEC Áurea Holanda, o Professor do ICA Cavalcante Junior, e a funcionária da biblioteca central da UFC Islândia Castro.

De início, houve uma breve apresentação do que se trata o LER, e como o mesmo atua junto a universidade e a comunidade de uma forma geral. Foi também frisado a influência que alguns dos convidados tiveram no desenvolvimento do projeto. Após isso a palavra foi passada a professora Áurea Holanda.



A professora começou explanando sobre seu histórico literário, de como fora sua experiência com a leitura no período da infância, e como o período na universidade foi importante para desenvolver uma diversidade literária na sua vida, tendo em vista que quando na universidade as pessoas acabam buscando apenas livros que tem relação com seus cursos. A professora ressaltou a importância da filosofia na sua vida literária e como esse estilo literário a influenciou na sua trajetória dentro da literatura.




Ela nos conta sobre algumas obras de grandes autores ao qual ela dedicou sua leitura nos últimos tempos como Rubem Alves, Paulo Freire e Edgar Morin, explicando como a literatura se enquadra dentro do universo educacional. A professora revela que a importância do professor Cavalcante teve e tem na sua trajetória literária, visto que ambos são amigos desde a infância e o mesmo sendo coordenador da Carmens (Comunidade de ações para redesenho dos moldes de existência), unidade voluntaria da qual os dois fazem parte.

Áurea nos conta do trabalho que é realizado de forma voluntaria no Carmens e a importância do mesmo. Ela nos conta como é desenvolvido o trabalho da escuta, e como essa característica é importante para os trabalhos que são feitos na comunidade.


“Quando buscamos escutar mais, isso muda a forma com que sentimos as coisas”

(Professora Áurea Holanda)


Finalizando, a professora nos apresentou duas obras e fez um comparativo com a situação que vivemos no mundo hoje, onde a maioria das pessoas vivem rotinas muito corridas que não se permitem fazer uma reflexão das suas vidas, de como as pessoas acabam fazendo coisas sem analisarem a importância delas para a vida.

Ela ressaltou a influencia que os professores Cavalcante e Gonzaga tiveram para que ela pudesse conhecer melhor a poesia, e como isso a permitiu conhecer autores como Drummond e seu autor preferido dos dias de hoje, João Anzanello Carrascoza.

Na sequência da conversa, o mediador parabenizou a professora Áurea peça sua apresentação, e mostrou a obra de Edgar Morin que a ela havia nos apresentado, citando que foi um presente pessoal da professora e de como aquele livro era uma historia interessante para leitura. Após isso o mediador fez a apresentação do professor Cavalcante que foi o próximo a se apresentar.

Graduado em psicologia, PhD em Leitura, professor do ICA na Universidade Federal do Ceará, o professor desenvolve diversos trabalhos na área da literatura na universidade e fora dela. O professor inicia sua fala trazendo um olhar sobre o maravilhamento, dos fenômenos que nos trazem um encantamento, ressaltando que a literatura é um desses fenômenos.

Cavalcante fala da necessidade de reviver a criança interior dentro de cada um de nós.


“O menino junior pra mim significa a função infância que eu carrego comigo e espero que ela nunca me deixe, por que essa função infância, é o que me permite imaginar, criar, sonhar, devanear”

(Professor Cavalcante Junior)


Ele nos fala de como a infantilização de alguns livros acaba privando uma grande parte de leitores da psicologia do maravilhamento. Ele nos trás algumas obras literárias que permitem viajar em um mundo de leitura não só escrita, mas também ilustrada. O professor nos apresenta uma lista de livros (que estará no final do texto) que grande parte do nicho literário os taxa como “livros infantis”, o que acaba por fim tirando a real mensagem que essas obras tentam passar para o leitor. Um grande exemplo disso, é a obra “Chapeuzinho Amarelo”, de Chico Buarque, onde a história nos traz um enredo parecido com a famosa obra original, mas com uma mensagem diferente da personagem.


Para assim! Agora! Já! Do jeito que você tá! E o lobo parado assim, do jeito que o lobo estava, já não era mais um LO-BO. Era um BO-LO. Um bolo de lobo fofo, tremendo que nem pudim, com medo de Chapeuzim. Com medo de ser comido, com vela e tudo, inteirim.”

(Chapeuzinho Amarelo – Chico Buarque)


Após isso, o professor contou um episodio da sua vida, onde ele estava nos Estados Unidos, para um programa, onde ele teve de superar uma situação pessoal complicada, e nessa situação ele escreve o primeiro poema da sua vida.


Ele nos conta, que esse poema, foi compartilhado por ele em sala de aula na época e pela primeira vez, ele sentiu como uma poesia poderia atravessar uma pessoa daquela forma, impacta-las e faze-las se sentirem de uma maneira próxima ao qual ele se sentia. Então ele percebeu que através da leitura e da escrita ele poderia se conectar com outras pessoas, compartilhando suas dores, medos, aflições e até mesmo felicidades.

O professor finaliza incentivando todos a escrever, mostrando a importância da escrita de passar seus sentimentos para o papel e como isso pode continuar criando conexões entre as pessoas através da poesia.

Após isso, o mediador, ressaltou a importância de relembrar a sua criança interior, ressaltando as obras que o marcaram quanto a esse estilo literário. Dito isso o professor fez a apresentação da ultima convidada, a funcionaria da biblioteca central da UFC, Islândia Castro.

Especialista em pesquisa cientifica pela UFC, graduada em Biblioteconomia pela UFC, Islândia Castro já atuou como diretora de algumas bibliotecas na universidade. Ela começa falando do projeto arte na biblioteca, em que se existe uma inclusão entre a arte e o ambiente literário, onde pode se quebrar o paradigma de que a biblioteca é apenas um lugar silencioso onde se podem alugar livros. Ela nos conta que desenvolveu um projeto chamado cineclube, em que o projeto se expandiu por varias outras bibliotecas da universidade, o que fez com que eles levassem essa ação para outras bibliotecas da comunidade como uma ação de extensão e contribuição social.

Ela nos conta a importância do projeto para levar a leitura a um maior número de pessoas, chegando a 10.000 cópias de livros compartilhadas, muito embora esse ano o projeto tenha sido paralisado por conta da pandemia da COVID-19. Foi ressaltado o projeto em torno do livro Proza e Arte ao qual permitiu o encontro entre diversos autores, que vão além do ambiente da universidade trazendo pessoas de fora e ampliando o conhecimento dos envolvidos. Ela ressaltou que baseada em iniciativa do LER, fez oficinas e criou o projeto sacola literária que se tratava de uma ação para levar livros para pessoas que não poderiam ir até a biblioteca. Foram criadas também ações para incentivar poetas da cidade a desenvolver seus trabalhos além de um podcast sobre causas, escritores, sempre um tema voltado a literatura. Ações voltadas a música, onde músicos alunos ou graduados na universidade podiam divulgar o seu trabalho.



Islândia também nos fala sobre a semana nacional do livro na biblioteca, que é um projeto que tem o intuito de difundir o livro, escritores, e há a ideia de realiza-lo anualmente. No ultimo ano foi realizado de forma virtual através de lives no canal do youtube da biblioteca. Ela finaliza sua apresentação, frisando a importância do incentivo a cultura nesse período de isolamento social. Arte, dança, música e literatura, se tornam uma fuga nesses momentos de dificuldade, permitindo as pessoas se libertarem das suas casas.

Após isso, o professor Gonzaga ressaltou a importância dos projetos que a biblioteca realiza. Ele frisa que muitas vezes temos um pensamento pobre do trabalho da biblioteca e com essa apresentação foi possível conhecer as diversas ações que a biblioteca vem fazendo para universidade e para as comunidades. Dito isso, o mediador abriu espaço para perguntas e ultimas considerações dos convidados. De modo geral, o terceiro encontro virtual do LER foi muito organizado, com uma grande diversidade de ideias e extremamente rico em conhecimentos e experiências passados pelos convidados. Fiquem atentos às redes sociais do LER para saber as novidades dos próximos encontros e não deixe de se inscrever no canal do projeto do YouTube.


Bibliografia

(Para abrir a página, basta segurar a tecla Ctrl e clicar no link).

“Aprender a viver”Luc Ferry - Aprender a viver | Amazon.com.br

“Cisnes Selvagens Três Filhas da China” – Jung Chang - Cisnes Selvagens - Três Filhas da China - Ed. De Bolso - Saraiva

“O Fazedor de Amanhecer” – Manoel de Barros - O Fazedor de Amanhecer | Amazon.com.br

“O Passarinho Engaiolado” – Rubem Alves - O Passarinho Engaiolado - Saraiva

“Chapeuzinho Amarelo” – Chico Buarque - Livro - Chapeuzinho Amarelo no Submarino.com

“O Príncipe sem Sonhos” – Márcio Vassalo - O Príncipe sem Sonhos | Amazon.com.br

“O Burrinho e a Água” – Walmir Ayala - O burrinho e a água | Amazon.com.br

“O peixinho do arco-íris” - Marcus Pfister - O peixinho do arco-íris | Amazon.com.br

“Santiago” – Federico García Lorca - Santiago | Amazon.com.br

“Hibisco roxo” - Chimamanda Ngozi Adichie - Hibisco roxo | Amazon.com.br

“Olhos D'Agua” – Conceição Evaristo - Olhos D'Agua | Amazon.com.br

“Júbilo, memória, noviciado da paixão” – Hilda Hilst - Júbilo, memória, noviciado da paixão | Amazon.com.br



 

Instagram: @ler.ufc


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