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Dalila Almeida

Se não eu, quem vai fazer você feliz? - Graziela Gonçalves


O livro “Se Não Eu, Quem Vai Fazer Você Feliz?” É uma abordagem em retrospectiva do relacionamento de Alexandre Magno Abrão (Chorão, vocalista da banca Charlie Brown Jr.) e Graziela Gonçalves.

A narrativa é feita pela Graziela, e aborda o período que estiveram juntos (final dos anos 1990 à 2013); a trajetória deles se confunde com a da banda da qual Chorão era líder, Charlie Brown Jr., a banda ficou conhecida nacionalmente e emplacou sucessos que ainda hoje fazem parte de playlists, trilha sonoras de novela e da história de muitas pessoas.

A imagem que recebemos do Chorão nos vídeos disponíveis na internet, dele próprio ou de pessoas que mantiveram contato com ele, retratando-o como alguém de gênio forte e personalidade marcante é apresentada no livro, mas acima de tudo, é apresentado o Chorão que batalha, que compõe pensando na sua “Grazon”, Chorão que ama, que é inseguro, o Chorão que é gente como a gente.

O encontro entre Graziela e o Alexandre aconteceu na Cidade de Santos (litoral de São Paulo), antes da banda ser formada, dali em diante ela passaria a fazer parte das letras, da organização da agenda da banda, fazendo contatos a fim de conseguir apresentações para o grupo e como amenizadora de ânimos entre os integrantes, visto que ela era a única que se dispunha a enfrentar o humor intempestivo do Alexandre e também a única a quem ele dava ouvidos.

Uma abordagem interessante que o livro traz é apresentar algumas músicas, as circunstâncias nas quais foram compostas; “Proibida Pra Mim”, “Ela Vai Voltar”, “Só Os Loucos Sabem”, “Um Dia A Gente Se Encontra”...

O título do livro é o refrão da música “Proibida Pra Mim” que relata o primeiro encontro do casal e é uma das músicas mais conhecidas da banda de acordo com dados do ECADC ( Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), entre 2013 e 2018 (depois da morte do Chorão e o consequente fim da banda) essa foi a música cuja autoria é do Chorão mais tocada em bares, restaurantes, hotéis, clubes e shows, dentre as mais 10 mais temos “Zóio de Lula”, “Céu azul”, “Papo Reto”, “Só Os Loucos Sabem”, “Ela Vai Voltar”, “Tudo O Que Ela Gosta De Escutar”, “Te Levar Daqui”, “Só Por Uma Noite” e “Lugar Ao Sol”.

Entre 1999 a 2006, “Te Levar Daqui” foi o tema de abertura da novela global “Malhação”, assumindo a posição antes ocupada por “ Assim Caminha A Humanidade” de Lulu Santos, sendo substituída entre 2006 e 2007 por “Lutar Pelo Que É Meu” também da banda. Outras novelas também tiveram como trilha sonora músicas do Charlie Brown Jr., como é o caso de “Começar De Novo”, “Duas Caras” ( “Não É Sério” e “Be Myself”, respectivamente), ambas globais; e Balacobaco (Rede Record) e Império (Globo) que tiveram “Céu Azul” em suas respectivas trilhas sonoras mas nem tudo são flores e a Graziela faz justiça a isso falando sobre atritos que houveram entre os integrantes da formação original advindos do posicionamento sempre implacável do líder, essa foi a época em que as dificuldades financeiras voltaram a dar o “ar da graça”, a procura por shows caiu bastante e se tornou difícil manter os empreendimentos encabeçados pelo Chorão, como a pista de skate aberta ao público e a marca de roupas. Chegaram ao ponto de vender o apartamento onde moravam para manter pelo menos a pista de skate e o studio da banda.

Tempos depois a banda retornou praticamente à sua formação inicial o que deu um up na agenda de shows. Foi uma tarefa árdua convencer o Alexandre a dar o braço a torcer e reatar com o Champignon (baixista) e os demais da primeira formação. Mas ainda assim a banda não voltou ao que era.

O Chorão era um cara muito criativo. Além de suas 194 músicas registradas (ainda segundo o Ecad), ele dirigiu um filme intitulado “ O magnata” e morreu deixando um outro roteiro inacabado.

Simultâneo a tudo o que aconteceu com a banda e consequentemente ao Chorão, estava Graziela, lutando pela sua auto realização profissional, em busca de fazer algo propriamente dela. Ela fez curso superior na área de moda, chegou a (tentar) iniciar uma carreira no ramo mas foi impedida primeiro pelo ciúmes e depois pelas crises vividas pelo Chorão, concluir o próprio curso foi muito custoso.

A escrita desse livro pode ser encarada como uma maneira que ela encontrou de se auto afirmar como protagonista na história estrondosa que tem o Charlie Brown Jr. e o próprio Chorão e também reafirmar sua versão sobre o fim abrupto do cônjuge, desfazer a ideia de que ela o abandonou num momento crítico de sua vida, reafirmar a dura realidade das pessoas que são ou convivem com alguém que tem alguma dependência química.

No geral, sem dúvidas este livro nos traz uma história de amor, não amor que comumente vemos no cinema ou em páginas menos coloridas, amor em sua magnitude suprema e indefinível, uma história de companheirismo, uma história na qual o badboy deixa recadinhos apaixonados pela casa e conquista toda a “vizinhança”, mas ainda uma história na qual a mulher abdica seus sonhos e necessidades em nome das vontades e objetivos do companheiro. Até quando?


 

Esperamos que gostem da resenha!

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