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  • Rayssa Carneiro

Quinto Clube de Leitura (vol.05, 2017)

Realizamos nosso quinto Encontro no primeiro dia do mês de Novembro. As reflexões foram muito significativas, os textos abriram espaço para diversos questionamentos.


Questionamentos sobre nosso país: sua política e suas misérias, nossa elite tradicional, assim como nossa própria graduação. Quem forma a nobreza de nosso país, você se considera como parte dela? Como universitários onde estamos encaixados na sociedade? Porém as leituras também renderam observações sobre o tempo, a vida e sobre o poder e a mágica das palavras.



As leituras iniciais foram extraídas do livro Os Bruzundangas que na verdade é uma coletânea de crônicas. Escrita por Lima Barreto e publicada em 1922 (sendo portanto uma obra póstuma) a coletânea traz uma profunda sátira do Brasil República da época, retratando o país (e provavelmente referenciando outros países também) a partir de uma localidade fictícia denominada Bruzundanga. O autor nos descreve a política, a economia e a sociedade vigentes naquela época. Para o leitor mais atento é possível compreender a crítica clara, mas ao mesmo tempo sutil, que Lima Barreto queria demonstrar e, com facilidade, perceber que mesmo atualmente nossa realidade não parece ser tão diferente.


No capítulo "A nobreza de Bruzundanga", por exemplo, destaca-se a crítica aos privilégios concedidos à nobreza, onde Lima Barreto define as nobrezas doutoral e de palpite. Em Bruzundanga existem maneiras fixas e pré determinadas de se tornar um "doutor", como por meio de uma graduação. Outro destaque porém é que não são todas as graduações que gozavam desse benefício, havendo certo privilégio de determinados cursos em relação a outros, mostrando também uma crítica à sociedade fragmentada expondo as desigualdades sociais e o preconceito, em que fica visível, portanto, o destaque de alguns grupos em detrimento a outros.


"A aristocracia doutoral é constituída pelos cidadãos formados nas escolas, chamadas superiores, que são as de medicina, as de direito e as de engenharia(...) . Lá, o cidadão que se arma de um título em uma das escolas citadas, obtém privilégios especiais, alguns constantes das leis e outros consignados nos costumes. O povo mesmo aceita esse estado de cousas e tem um respeito religioso pela sua nobreza de doutores. "

(trecho de "Os Bruzundangas")

Foram discutidas também algumas questões como o ingresso nas universidades; relatando a dificuldade não apenas de ingressar nos cursos mas também das condições que são oferecidas para a conclusão deste. Infelizmente muitas situações satirizadas nas crônicas ainda ocorrem atualmente.




Depois desse momento lemos alguns poemas do escritor e poeta cearense Francisco Carvalho, foram eles: Conjugação do Tempo, Festa, Cristo Exposto e Palavras Mudam de Cor.


Em Conjugação do Tempo, Francisco Carvalho divaga sobre o Tempo. Tempo este que para ele é um invento ao qual se agarra e ao mesmo tempo que é eterno é iminente. Já Cristo Exposto trata da religiosidade e da fé, assim como da própria vida.


Em Festa o escritor faz dessa vez uma reflexão sobre a vida. Um trecho muito marcante é a declaração de que vida é fogo e que vida é um salto no escuro. (Você se permite queimar nesse fogo? Se permite saltar?)


Em Palavras Mudam de Cor o tema principal são as palavras, essas que tem o poder de comunicar e de expressar. As palavras possuem intrinsecamente esse aspecto de adaptação (mudança de cor a qual o título se refere), Francisco Carvalho trata com sensibilidade esse aspecto. Ao fim dessa leitura o professor Luis Gonzaga nos propôs uma pequena dinâmica, devíamos completar a frase:


As palavras...

Apesar de ser uma dinâmica bem simples ela nos permitiu externar pensamentos, trabalhando a expressão...usando justamente as palavras. Alguns complementos sugeridos foram:

As palavras sangram

As palavras queimam

As palavras norteiam

As palavras transformam

As palavras fluem


Por fim lemos duas letras de música da banda de rock brasileira formada nos anos 80, Titãs. A reflexão sobre Bichos Escrotos nos levou ao entendimento que a letra se volta contra: “oncinha pintada, zebrinha listrada, coelhinho peludo”, ou seja, contra o que é belo e/ou fofo, não em sentido estético, mas contra a beleza social, dos cidadãos considerados civilizados, pois nem sempre essa beleza é alcançável por todos. A banda faz um manifesto para que todos os bichos escrotos siam do dos seus cantos e se mostrem.


Miséria (vídeo) possibilitou algumas reflexões interessantes como a relação dialética entre riqueza e pobreza e também questões étnicas. A música declara que miséria é miséria em todo canto.


Outro ponto citado, inclusive pelo aluno Thalysson, foi o trecho "Ninguém sabe falar esperanto", ou seja, apesar de ter surgido na tentativa de se formar uma língua universal, ninguém fala esperanto, mostrando, dessa forma, a falta de comunicação e debates (sobre alguns temas) na sociedade.


 

Participaram do Encontro:


Prof. Luis Gonzaga - Coordenador e mediador do Clube de Leitura e do Projeto

Mariana Campos e Rayssa Carneiro - bolsistas do Projeto LER

Prof. Bruno Prata - Engenharia de Produção (convidado)

Abner Aires - Engenharia Ambiental

Thalysson Andrade - Engenharia Ambiental

Walter Viana - Engenharia de Energias Renováveis

Samir Auad - Mestrando em Engenharia Estrutural

 

Links para os livros discutidos



 

Novamente gostaríamos de agradecer aos que compareceram ao Clube e que fazem o Projeto LER crescer. Esperamos que as leituras propostas venham sempre a somar nas formações de cada um e ampliem a visão crítica sobre nossa sociedade. Nosso próximo encontro será apenas daqui algumas semanas, fique atento a nossas chamadas! Te esperamos, até logo!



Quer mandar sua reflexão pra gente? Envie para ler.ufc@gmail.com







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