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  • Eduardo Coelho

O Quinze - Rachel de Queiroz



O Quinze é uma das grandes obras literárias brasileiras, escrita pela icônica Rachel de Queiroz(1910-2003) tendo sido publicado em 1930. Rachel foi a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras e a primeira mulher a receber o Prêmio Camões. Foi também jornalista, tradutora e teatróloga.

A obra nos apresenta a realidade da época de uma época sofrível, que ocorreu no Ceará através do ponto de vista de Conceição, uma jovem professora que costuma passar as férias na fazenda da sua família. Por um período de 2 meses ela vive na fazenda junto de seus parentes. Destaca-se Vicente, que costuma flertar com Conceição. A obra o retrata com um boiadeiro, filho de um homem de posses na região.

A relação entre os dois é ambígua. Com a seca se alastrando, Vicente trabalha incessantemente a fim de salvar o gado. Conceição não entende a obstinação do vaqueiro com seu trabalho, que ocupa a maior parte do seu tempo, oficio que realizava desde os seus 15 anos, enquanto o mesmo questiona os desejos de Conceição por liberdade e igualdade.

Outro personagem de destaque é Chico Bento. Morador da cidade de Quixadá, ele e sua família são obrigados a saírem da cidade por falta de emprego e dinheiro, e por conta disso, a família faz o percurso até fortaleza a pé. Raquel faz questão de retratar a miséria pela qual passa a família de Chico, que durante a viagem passam constantemente fome por não possuírem uma quantidade suficiente de comida para toda a viagem. Uma passagem bem marcante desse ponto, é quando já esvaído de fome, Chico Bento acha um anima a beira da estrada, que Chico Bento mata afim de alimentar a sua família, mas, logo após isso o dono do animal surge, querendo a devolução do mesmo. Chico tenta barganhar uma pequena quantidade de alimento para sua família, mas o que recebe é pouco mais que as tripas do animal. Mais dificuldades caem sobre a família, quando Chico perde dois de seus filhos. Um deles, desesperado, come uma mandioca crua e acaba morrendo por conta do veneno. O seu filho mais velho, durante a noite a acaba se perdendo, encontrando outro grupo de itinerantes e segue caminho com eles. Chico se desespera e buscam ajuda com um delegado de uma vila que era amigo do patriarca. Este ajuda a família, lhe dando alimento e conseguindo uma viagem de trem para fortaleza.

A seca piora , e depois de algum esforço, Conceição consegue convencer sua avó a ir com ela para fortaleza. Vicente fica no campo para cuidar do gado. por conta da seca ele abandona a fazenda. Em fortaleza, Conceição se voluntaria para trabalhar em um campo de refugiados da seca. Nesse campo ela consegue encontrar Chico Bento e a sua família. Sabendo das dificuldades que a família enfrentaria na cidade, Conceição compra uma passagem para a família de Chico ir para São Paulo ficando com o filho mais novo da família, cuja personagem era madrinha.

A obra se torna uma leitura extremamente gratificante, partindo do princípio que aborda temas extremamente atuais e relevantes. Ao observarmos o contexto de Conceição nos deparamos com uma personagem jovem, professora que trabalha na cidade grande. Seus ideais feministas e de liberdade, indo na contramão da ideia predominante na época em que a mulher necessitava de um homem para ter sucesso na vida. A mesma se relaciona com Vicente, um boiadeiro, com uma mente mais fechada. O relacionamento dos dois começa a ser então um tema de grande interesse, quando observamos que os dois parecem se gostar enquanto diferem de forma veemente em relação às suas visões de mundo.

Já Chico Bento é o verdadeiro retrato das pessoas retirantes, levava uma vida difícil em uma fazenda, mas que com a seca, tornou sua vida ainda mais complicada. Podemos ver como o governo dá pouco auxílio para que povo possa sair daquela situação. No caminho, tudo se torna ainda mais complicado, com as dificuldades da natureza em cima da sua família. Fome, doença são apenas alguns dos intempéries que aquele povo enfrentou em busca de uma melhor condição de vida.

Rachel dá uma escrita quase cronista para o texto, onde a prosa regionalista e o neo realismo andam de mãos dadas a fim de nos passar, a situação difícil que aquelas pessoas enfrentavam desde o martírio no campo, até as condições miseráveis ao qual eram submetidas no campo de refugiados.

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