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  • Mariana Campos

O DIÁRIO DE ANNE FRANK

“Em junho de 1942, quando os nazistas ocupavam Amsterdã, a menina judia de apenas 13 anos, acompanhada por toda a família, deixou para trás sua residência e se refugiou no sótão de uma casa (...)”


Confesso que há muitos anos tinha vontade de ler esse livro, mas por diversos motivos fui adiando esse encontro com Anne. Acredito que não estava preparada para me envolver emocionalmente da forma que eu sabia – e estava certa – que o livro me envolveria. É um pouco complicado desenvolver um apego a alguém de quem a história é retratada em um livro, e é mais complicado ainda quando já se sabe o seu final. No caso de Anne, todos sabemos que não é um bom final.



A família Frank é apresentada como uma família normal, com conflitos internos que expõem o dia a dia da convivência com nossos parentes, apesar do amor familiar estar ali. Anne Frank é uma exímia escritora apesar da pouca idade e sua capacidade de narração é sem dúvidas um dos motivos que fizeram com que esse livro se tornasse um dos melhores, se não o melhor, registro da sociedade durante a Segunda Guerra Mundial. De forma que sua família fosse apresentada, seus amigos da escola, suas “paixonites” fossem inseridas no conteúdo de seu diário, Anne Frank narra com franqueza seus sentimentos por cada um e seus conflitos internos e externos.

Dado o contexto que se inseria, com a Alemanha de Hitler invadindo cada vez mais territórios e aprisionando cada vez mais judeus nos campos de concentração, somos apresentados a uma realidade que contrasta os anseios de uma adolescente de personalidade forte com a perspectiva de um futuro nesse mundo violento. Anne e sua família, todos judeus, sofrem com as políticas restritivas a que as pessoas dessa religião são submetidas e tudo isso é retratado pela menina com uma maturidade que impressiona.

Chegando ao ponto de terem de se esconder devido à invasão alemã à Amsterdã, a família Frank, juntamente com a família van Daan e Albert Dussel, se instalam em um esconderijo que já estava sendo preparado a aproximadamente 1 ano. O “Anexo Secreto” como é chamado por Anne, ficava localizado em anexo à empresa onde Otton Frank, pai de Anne, trabalhava.




“A porta à direita do patamar leva ao Anexo Secreto nos fundos da casa. Ninguém jamais suspeitaria da existência de tantos cômodos por trás daquela porta cinza e lisa. Há somente um pequeno degrau na frente da porta, e você entra direto. Logo na frente fica uma escada íngreme. À esquerda há um corredor estreito indo até um cômodo que serve de sala de estar e quarto para a família Frank. Ao lado fica um cômodo menor, o quarto e o local de estudo das duas moças da família. À direita da escada fica um lavatório sem janela, com uma pia. A porta do canto dá no toalete”.




Durante os dois anos que passaram no Anexo, os relatos de Anne nos fazem mergulhar na convivência muitas vezes não harmoniosa entre os habitantes do esconderijo. Sendo possível também acompanhar o crescimento da menina, inicialmente um pouco prepotente e mimada, tornando-se uma pessoa corajosa, madura e forte. Isso é bastante perceptível nos relatos da garota acerca de seus problemas de relacionamento com a mãe e a irmã, que evoluem ao longo da história e começamos a perceber certa compreensão de Anne com toda a situação que antes despertava nela certa revolta.

Não há como negar que por ser a perspectiva de Anne, é difícil analisar de forma parcial os comportamentos dos outros, mas creio eu que certas atitudes me fizeram perceber o quanto o egoísmo estava presente.

Muitas reflexões passaram por minha mente durante a leitura, principalmente quando Anne escrevia sobre seus planos para o futuro e o quanto queria ser escritora. Ali pensei bastante sobre o quanto a vida é um sopro. Hoje estamos aqui, mas amanhã é uma completa incerteza, aliás, o próximo segundo já é uma incerteza. Logo, devemos aproveitar cada segundo.


É impossível não se envolver com Anne. Eu por exemplo, me identifiquei bastante com certas indagações que a garota realiza acerca do quão verdadeiras são nossas amizades, foi um momento que li algo que verdadeiramente sentia. A parte mais difícil para nós leitores é exatamente o estabelecimento dessa relação com ela, e apesar de saber o final, temos ali no fundo do coração aquele desejo de que o destino de Anne seja diferente e que ela tenha seus sonhos realizados. Mas infelizmente a leitura acaba e o final da menina ainda é o mesmo.

No mundo em que vivemos, com tanta discriminação e intolerância a leitura desse livro é essencial pois é relatado o absurdo de matar milhões de pessoas apenas pela sua crença. Quantas e quantas crianças como Anne tiveram seus futuros interrompidos e seus sonhos não realizados? Precisamos melhorar nossa humanidade.

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Para quem se interessou na leitura, o livro está disponível em pdf, para acessá-lo clique aqui.

Mas se você é como eu e gosta de ter o livro em mãos, é possível adquirí-lo em sebos por um preço médio de R$30,00. Lembrando que o livro já possui diversas edições.

Para ler a notícia completa clique aqui.








Outra dica é o filme O Diário de Anne Frank, produzido em 2016 e dirigido por Hans Steinbichler.

Aproveite a leitura!

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