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  • Mariana Campos

Quarto Clube de Leitura (vol.04, 2017)

No dia 18/10 tivemos o quarto encontro do nosso Clube de Leitura. Estamos muito orgulhosos da dimensão que o Encontro criou, foi uma discussão bem ampla em que além de tratarmos da trama do livro A Metamorfose, de Franz Kafka, debatemos sobre estrutura social, luta de classes, métodos de ensino e a formação em engenharia.

Iniciamos o clube com a recepção aos novos visitantes: o professor da UFC Antônio Paulo de Hollanda Cavalcante, o mestrando da área de Engenharia Civil Samir Auad e a aluna Lívia dos Santos oliveira do curso de Gestão de Políticas Públicas, na UFC. Samir disse que habitualmente lê acerca de temas filosóficos mas está tentando mudar suas leituras para temas menos complexos. Além disso, falou um pouco sobre o projeto social com o qual vem trabalhando que lida com moradores de rua de Fortaleza e vêm utilizando a literatura de Cordel em seu trabalho.

Já o professor Antônio Paulo falou ao grupo que gosta de ler sobre biografias de grandes nomes da tecnologia, disse que acha interessante conhecer o ser humano por trás da pessoa que fez o grande feito.

Lívia disse que suas leituras são bem variadas, estando presentes autores brasileiros e estrangeiros.

A discussão se iniciou com um breve resumo da obra e o professor e coordenador do projeto, Luís Gonzaga, falando acerca de suas impressões. Nos foi mostrado também uma matéria acerca de uma peça teatral que encenava essa obra de Franz Kafka a qual utilizou um robô para interpretar Gregor transformado. Além disso, conhecemos outras abordagens de A Metamorfose como o Cordel e o livro com a história contada para crianças.

Refletimos sobre o livro como reflexo da sociedade: o fato de toda a família ter que se reorganizar para garantir o sustento da casa devido á perda do papel social de Gregor, trouxe mais sofrimento do que a transformação em si pois seu pai teve que voltar a trabalhar, assim como sua irmã teve que começar a trabalhar.

Além disso, foi sugerida uma interpretação da maçã que é jogada em Gregor e fica presa nele até apodrecer: a maçã seria o rancor que quando o guardamos, ele apodrece em nós, trazendo males para quem o guarda.


Você já se sentiu um Gregor?

A forma como Gregor é retratado nos trouxe questionamentos como quantos Gregors existem? Quantas pessoas são deixadas às margens de nossa sociedade por parecerem asquerosas e inaptas aos outros? O que poderíamos fazer por essas pessoas? A formação em engenharia forma pessoas que se preocupam com essas questões ou os estudantes não passam de meras engrenagens no grande mercado capitalista existente?

As inquietações que alguns estudantes de engenharia trazem consigo foram bem explicitadas pelo estudante de Engenharia Civil Yago Juan (2º semestre). Segundo Yago, ele vem questionando a si mesmo sobre o seu papel na sociedade como engenheiro, o que ele poderia fazer para ser um profissional que faça a diferença.

Como fazer a diferença?

Yago foi aconselhado por Samir, o qual disse que também sofreu com essas inquietações, para que não esperasse que a solução viesse de outras pessoas, mas sim que ele mesmo fosse atrás dessas respostas, assim como poderia frequentar espaços de reflexão da própria universidade.


Voltando ao livro, foi comentada a existência de uma música do Gonzaguinha chamada O homem também chora que remete bastante à condição de Gregor:

Um homem também chora

Menina morena

Também deseja colo

Palavras amenas

Precisa de carinho

Precisa de ternura

Precisa de um abraço

Da própria candura

Guerreiros são pessoas

Tão fortes, tão frágeis

Guerreiros são meninos

No fundo do peito

Precisam de um descanso

Precisam de um remanso

Precisam de um sono

Que os tornem refeitos

É triste ver meu homem

Guerreiro menino

Com a barra do seu tempo

Por sobre seus ombros

Eu vejo que ele berra

Eu vejo que ele sangra

A dor que tem no peito

Pois ama e ama...

Um homem se humilha

Se castram seu sonho

Seu sonho é sua vida

E vida é trabalho

Para alimentar ainda mais a discussão e o conhecimento sobre esse grande autor adicionamos aqui algumas publicações acerca de interpretações de suas obras e discussões sobre sua relevância e seu papel social.

Mais uma vez gostaríamos de agradecer aos que compareceram e dizer que estamos muito satisfeitos com as reflexões propostas e esperamos que façam a diferença no modo como agimos e vemos o mundo que nos cerca. Muito obrigada! Lembrando que o nosso próximo encontro ocorrerá no dia 01/11 e nós estamos os aguardando ansiosamente! Até lá!

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